domingo, 15 de agosto de 2010

A Segunda Vez

Dizem, por aí, que a segunda vez corre sempre melhor que a primeira e que daí para a frente é sempre a subir. Assim o espero. Cheiros. Não é a segunda vez, mas mais uma das vezes sem conta que este aroma toma conta. Perfume. Passamos muitas vezes por vezes em que tão bruscamente, pequenas e inocentes lembranças nos alimentam a mente. Cheiros. Há vezes em que expressões coniventes irreflectidamente falam por si. Mas os cheiros também falam muitas vezes. Disso, ninguém tenha dúvidas. Toda a gente já sentiu vezes sem conta cheiros que se aliam intensamente a vezes que nos invadem por dentro. Que nos esmagam as entranhas. Porque os cheiros têm sabor. Têm cor. Porque quantas são as vezes (muitas vezes) que os cheiros nos trazem nomes de pessoas e de lugares. Cheiros. Cheiros que nos despertam sentimentos e nos reavivam momentos. Este cheiro, que ainda é o teu cheiro, trará vezes atrás de vezes, para sempre, visões alargadas do que te tornaste no espaço revolto em que se tornou o meu coração. Este cheiro, que me fará repetidamente, inúmeras vezes viver os nossos instantes perdidos, mas nunca esquecidos, como se fosse a primeira vez. Este cheiro, que desta vez guardo como uma ferida que insiste em arder sem que água alguma o faça render. Este, que ainda é o teu cheiro, desordena todos os compassos que me regem, ainda tão cheios de ti. E desta vez, vou acomodar este cheiro, para que estando perto, não me esteja tão longe. É nestas vezes, vezes sem conta, que trememos por dentro e por fora. Por quem vezes sem conta respiramos profundamente para que as estúpidas e apressadas lágrimas voltem outra vez ao seu lugar. E porque nem sempre à segunda sai uma vez definitiva e feliz, tentar-se-á muito provavelmente a terceira. Fica para já guardada a segunda vez, de Vezes 100 Conta.

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