quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

[Manual de Utilização]



Instruções de Segurança: Forte por fora, frágil por dentro. Manusear com cuidado. Não virar do avesso. Não deixar cair. Não perder. Acarinhar o mais possível.

Conteúdo: Às vezes, não sabe bem como (sobre)viver. Na maior parte delas, gosta de fechar os olhos e dormir, pensando que tudo vai parecer mais simples quando despertar. Sem contar, tem um sorriso fácil e uma lágrima próxima. Acredita que todas as pessoas são boas pessoas e dói-lhe, de todas as vezes que descobre que existem pessoas verdadeiramente más. É de extremos. Na natureza violenta dos seus sentimentos, não há lugar para o meio-termo. É este o seu ponto fraco. Extremamente passional, as emoções são a base de tudo o que vivencia e nada tem sentido se assim não fosse. Refugia-se nos próprios medos e receios. Perdoa tudo, sempre. Não esquece nada, nunca. Gostava de não se preocupar com o dia seguinte. Com o mês a seguir. Com o próximo ano. Acreditou uma única vez que era aquela vez a sua vez. A vez que lhe traria a alegria só por existir. Desfez-se essa vez e perdeu-se desde aí. E assim se encontra. Ainda se prende vezes sem conta no silêncio característico da nostalgia gélida e estridente que sobre si se abate e queria não sentir uma dor fininha que incomoda todos os dias. Leva muito tempo a recompor-se. A reorganizar-se. A reconstruir-se. Frágil. Muito frágil. Por favor, se não encantar, não agitar. Apenas, deixar estar.

sábado, 22 de janeiro de 2011

vezes em vão

Havia vezes em que sim, que falava demais. Vezes sem conta dizias que falava vezes demais. Às vezes, dizias que existiam verdades de vezes que não se diziam e muitas das vezes pedias que me calasse. Outras vezes dizias que não me querias ouvir, que não entendias do que te falava, às vezes, quando falava a uma velocidade alucinante. Nunca dizias, mas pensavas. Tantas vezes. Eu sabia, sentia-o e era pior do que te ter ouvido dizê-lo uma única vez. Vezes sem conta usavas os teus truques para que contivesse as minhas palavras. Quantas foram as vezes que me fizeste rir, para agasalhar as coisas que sabias que queria dizer, só quando não me querias ouvir. Foram muitas as vezes em que me ocupaste o tempo, e o espaço também, só para perder as ideias que queria dividir. Mas, vezes atrás de vezes nunca não falei. Partilhava o que sentia às vezes, o que não sentia e o que às vezes gostava de sentir. Falava-te do tempo, da falta de tempo e do mau tempo. Falava-te das coisas cor-de-rosa e das que às vezes perdiam a cor. Falava-te de princesas. Falava-te de coisas que sabia que, na grande parte das vezes, não te interessavam. Falava porque me apetecia. Falava das vezes más e das vezes boas. Falava só por falar. Falava só para que, pelo menos naquela vez, os teus olhos se prendessem aos meus. Falava só para te mostrar a altivez que tinha ser percebida por ti. No fundo, falava para tentar que as minhas palavras ao invadirem os teus ouvidos levassem partes de mim a arriscarem acomodar-se na moradia no teu coração. Vezes sem conta, em vão. Mas um dia, do teu lado de dentro, por mais ínfima que tenha sido, sei que terá havido uma vez em que a falta da minha voz te ensurdeceu. E dessa vez, a minha voz já não contou. Agora, nesta vez que é a que conta, há outra voz que toma conta.

sábado, 15 de janeiro de 2011

mais vezes

Vezes. Destas. Destas vezes querem-se vezes sem conta. Destas vezes, e de todas as vezes que quando estão perto são vezes em que tudo fica mais fácil. Porque não é só às vezes que as vezes ficam melhores, é sempre. De todas as vezes há sorrisos que nos enchem o coração. Mesmo quando às vezes tudo sem conta parece embaciado de dúvidas e tristezas não há descanso enquanto o vidro não voltar a deixar ver o caminho. Mesmo quando às vezes as lágrimas teimam, há sempre abraços que as secam. Abraços em que naquelas vezes temos o mundo nas nossas mãos e abraços em que naquelas vezes o céu ganha todas as cores do arco-íris. São abraços como este que fazem um segundo valer tempo sem conta, querer vezes sem conta. Acordes de músicas embalados em estrelas que vêem nascer as nossas noites e acordar as nossas manhãs. Sóbrias amizades e embriagadas infantilidades que invadem os nossos dias e os tornam verdadeiramente algodões doces. Ausências compensadas, tristezas partilhadas e risos descontrolados tiram o controlo ao quanto gosto de vocês. São sem conta as vezes em que sendo cada uma uma asa me fazem voar de alegrias. Trovejam raios de coisas boas e chovem momentos que ficam. De todas as vezes são vocês. Porque são as vezes, estas vezes, todas e cada vez por si que vivemos antes, que vivemos agora e que vamos viver vezes sem conta que vos fazem únicas e especiais. Um, dois, três. Era uma vez as três irmãs. Gosto de vocês. Gosto muito de vocês. Gosto tanto de vocês.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

contas

Fala Daniela. Diz-me. Explica-me porque é que consigo contar as vezes que sorris? Porque é que não encontro mais a magia que tinhas ao sorrir por aqueles pequenos nadas? Sabes, não te sei explicar. Há uma cinza que às vezes, sem conta, me invade e, de mansinho assenta no chão deste coração. Pinta o jardim que tinha de cinzento. Como se estivesse morto. Sim, é isso, às vezes sinto que o meu jardim morreu. E não há hipótese de ele voltar a ganhar cor? De ele florir outra vez? Não. Há muito que deixei de ver o brilho dos olhos que o iluminavam. Sinto muitas vezes a falta deles. E esses olhos, também sentem a falta do brilho dos teus? Oh… não. E olha que tenho a certeza que nunca brilharam tanto como nessa altura. Mas não. Aqueles olhos já não pediam o brilho dos meus. Há muito que deixaram de o pedir. Então porque é que estás aí sentada, à espera? Por nada, são só saudades.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

tudo

Tudo muda, tudo parte
Tudo tem o seu avesso.
Frágil a memória da paixão...
É a lua. Fim da tarde
É a brisa onde adormeço
Quente como a tua mão.

Mas nunca
Me esqueci de ti
Não, nunca me esquecerei de ti.